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terça-feira, 16 de setembro de 2008

Cirurgia light de estômago: menos risco e bom resultado

JORNAL DO BRASIL (RJ)

Procedimento cirúrgico para obeso se torna menos invasivo e arriscado
Ingrid Nalu

Revolução na vida de pessoas com obesidade mórbida, a cirurgia bariátrica, hoje, é um procedimento cirúrgico menos invasivo e arriscado para o paciente. A redução do estômago, técnica by pass, em que parte do órgão é mutilado e descartado, deve se tornar em breve coisa do passado. As cirurgias modernas não cortam o estômago, são feitas por videolaparoscopia ou endoscopia e descartam internação em UTI, além de serem reversíveis e ajustáveis durante o tratamento. É o caso das técnicas de banda gástrica ajustável e de implante de balão inflado no estômago. A primeira consiste na instalação de um anel de silicone na primeira porção do estômago, reduzindo a quantidade de alimentos ingeridos pelo paciente. Ainda pouco divulgada, em comparação com a by pass técnica mais utilizada pelos cirurgiões brasileiros -, ela é a preferida dos especialistas europeus e australianos. O risco da banda sair do lugar ou ser englobada pelo estômago é de apenas 2%. Nesses casos, uma nova intervenção resolve o problema. O balão inflado é uma peça de silicone preenchida com soro fisiológico e anilina. Introduzida por endoscopia, a bola ocupa até 50% do estômago, fazendo com que a sensação de saciedade chegue antes que o paciente se empanturre de comida.O balão é retirado após seis meses, período em que o paciente se submete a uma reeducação alimentar para não voltar a engordar, após a retirada do implante. Se o balão furar, o que representa 2% dos casos, a anilina contida no invólucro alerta o paciente, que é submetido a uma endoscopia. Como é de pouco impacto sobre o organismo, pode ser adotado até por quem precisa perder pouco peso, entre oito e 25 quilos. Mas é preciso arcar com os custos, em torno de R$ 9 mil, não cobertos pelos convênios por ser considerado tratamento estético.

Sobrecarga perigosa

As cirurgias bariátricas são indicadas para pacientes que atingem o estágio em que a obesidade traz riscos à saúde, como o desenvolvimento de diabetes, hipertensão arterial, gordura no fígado e apnéia do sono, entre outros males. A obesidade mórbida - quando o índice de massa corpórea (IMC) ultrapassa 40 - pode levar à morte. Por isso, os planos de saúde foram obrigados pela resolução nº 82 da Agência Nacional de Saúde (ANS) a arcar com os custos da cirurgia, que pode ser indicada pelos médicos para pessoas com IMC a partir de 35. Essas cirurgias são classificadas em três tipos: restritivas - restringem a quantidade de alimento que entra no estômago - como a técnica que usa banda gástrica regulável; desabsortivas - impedem a absorção de nutrientes como a técnica by pass; e as mistas, que mesclam as duas técnicas. Com a evolução nas técnicas, a redução do estômago hoje é recomendada para pessoas muito obesas, que precisam perder muito peso, como os pacientes acima de 160 kg, sobretudo mulheres, que perdem menos peso com a banda gástrica, por causa do estilo de alimentação. Segundo o cirurgião Walter Pires Júnior, especialista em cirurgias pelo método de banda gástrica regulável, o problema da redução é que, após alguns anos, há uma tendência a ganhar peso, pois o pedaço de estômago que restou tende a dilatar. Para ele, a reversibilidade é uma das grandes vantagens da banda gástrica. E há ainda a possibilidade de ajustes. Após colocada, a banda pode ser regulada por um dispositivo implantado sob a pele do paciente, chamado portal de acesso.

Efeitos colaterais

Por essa peça, ligada a um duto que transporta soro fisiológico para a banda, o médico pode inflar ou desinflar o dispositivo, permitindo a passagem de maior ou menor quantidade de comida. Se a pessoa está emagrecendo menos do que o desejado, pode-se injetar mais soro fisiológico, inflando assim o anel de silicone e estreitando a passagem para alimentos. O aspecto emocional de quem se submete à cirurgia merece cuidados. Segundo o cirurgião, são comuns os casos de pacientes que desenvolvem problemas psiquiátricos após uma cirurgia bariátrica. Entre os mais comuns estão o alcoolismo, a depressão e distúrbios alimentares.

Anorexia nervosa

Walter Pires Júnior cita o caso de uma paciente que desenvolveu anorexia nervosa, emagrecendo excessivamente. Graças à possibilidade de reversão propiciada pela banda, o problema foi solucionado apenas com a remoção do dispositivo. - Era um caso psicológico. Felizmente, foi resolvido apenas com a retirada da banda. Se fosse uma cirurgia pelo método by pass, isso não seria possível - compara o cirurgião.

Um empurrão que proporcionou vida nova
Da Redação

Com o ponteiro da balança batendo em 120 kg, a vida da psicóloga Andréa Pepino da Silva, 38 anos, havia se tornado penosa por causa da obesidade. Com um quadro clínico preocupante, causado pelo excesso de peso, ela ouviu da cardiologista um ultimato assustador: ou emagrecia ou corria o risco de morrer. Foi aconselhada a fazer a cirurgia de redução de estômago. Mas o medo da intervenção cirúrgica e a idéia de ter um órgão do corpo mutilado assustavam-na. Foi quando tomou conhecimento da banda gástrica regulável. Foi o empurrão que faltava a Andréa para começar uma nova vida. - Eu não saía mais de casa. Chorava toda vez que tentava comprar roupas. Sentia dores e tive uma depressão grave - relembra Andréa.

Dez quilos em um mês

Um mês após a cirurgia, ela per- deu 10 kg. Parece pouco, para quem pesava 120 kg, mas foi decisivo para a adesão da psicóloga ao tratamento, que exige grandes doses de sacrifício e disciplina. De refeições em torno de 700 gramas, Andréa passou a ingerir porções de 50 ml de alimento líquido ou pastoso. - Durante uma semana, tive delírios visuais e auditivos, via comida nas paredes - conta. - Tive que descobrir como me saciar, pois eu não tinha fome, mas vontade de comer. Para Andréa, a maior dificuldade enfrentada pelos ex-gordos é emocional. É preciso vencer a compulsão e aderir à reeducação alimentar, essencial para não voltar a engordar. Um ano após a cirurgia, Andréa deixou o manequim 56 para entrar em calças número 42, as quais usa até hoje, dois anos depois e 55 kg a menos. A adesão ao tratamento é primordial para o sucesso de qualquer cirurgia bariátrica, não importa a técnica utilizada pelo médico. Prova disso é a consultora técnica Silvana Aguiar Franco, 44 anos. Há quase dois meses ela se submeteu à redução de estômago pela técnica by pass.

Meta a cumprir

Dos quase 134 kg distribuídos em 1,62 m, Silvana já perdeu 21 kg. A meta é perder 60 kg, e deixar para trás todas as dificuldades enfrentadas por quem tem peso a mais do que o necessário para levar uma vida saudável. - O gordo precisa de ajuda para tudo. Amarrar um sapato e até fazer a higiene pessoal são difíceis - revela Silvana. - Eu vivia escravizando meu marido. Mas não era por preguiça, e sim por causa do cansaço que a gente sente. Hoje, sou outra pessoa. Recebo até elogios, algo que, há muito tempo, eu não sabia o que era. As duas pacientes ressaltam a importância de estar segura da decisão de se submeter à cirurgia. - É importante ter consciência de que seus hábitos alimentares vão mudar. Por isso, a decisão deve ser pessoal, e não porque a família quer. E ficar atento para não criar novos tipos de compulsão ­ ensina Silvana. comida.

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