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terça-feira, 20 de maio de 2008

Planeje seu futuro hoje

Só economizar não é suficiente. Para garantir um futuro sem problemas financeiros, é preciso fazer um bom planejamento, tomar as decisões certas e escolher os melhores investimentos para você
Por Giuliana Napolitano

Faz uma década que o patrimônio dos planos de previdência privada cresce, em média, 25% ao ano. Somente no primeiro semestre deste ano, mais 10 bilhões de reais foram injetados nessas aplicações. Essas são evidências de que vem crescendo a preocupação com a aposentadoria no Brasil.
Guardar dinheiro, porém, é só parte do que precisa ser feito por quem pretende ter um futuro tranqüilo. "O verdadeiro segredo da previdência é planejar", diz Luciano Snel, diretor de vida e previdência da seguradora Icatu Hartford. "Tomar as decisões certas faz muita diferença no retorno que as pessoas vão conseguir de suas aplicações."
Para ajudar os futuros aposentados, EXAME preparou um roteiro que resume os principais passos que o investidor deve seguir (veja quadro abaixo).

A previdência passo a passo
Aposentadoria é um assunto que requer atenção desde a infância. O quadro mostra os passos e os riscos a que o futuro aposentado deve prestar atenção em cada fase da vida

1 ANO
1 - Os pais devem poupar para garantir os estudos do filho
2 - O ideal é investir num plano de previdência com seguro de vida, que garanta ao filho uma renda mensal
3 - Poupando 250 reais por mês, é possível acumular 86 000 reais em 20 anos. Se algo acontecer aos pais, o seguro paga 1000 reais por mês ao filho até ele completar 24 anos
(1) Calma! A aposentadoria ainda não precisa ser uma grande preocupação, mas quem começa cedo tem vantagens

20 ANOS
1 - É hora de começar a pensar em previdência
2 - O ideal é poupar menos de 5% da renda para não sobrecarregar o orçamento. Até 80% da reserva financeira pode ser aplicada na bolsa de valores
3 - Quem guardar 150 reais por mês desde os 20 anos chegará aos 70 anos com 570 000 reais (2) Atenção! Não deixe de lado os gastos do presente, como viagens e a compra de um carro

35 ANOS
1 - Leve a sério o planejamento para a aposentadoria
2 - Quem investir 1 000 reais por mês a partir de agora terá 1 milhão de reais em 30 anos
(2). Aplique até 50% em ações
3 - Para escolher os melhores investimentos, é preciso pesquisar bastante. Leia sobre o assunto e consulte especialistas
Cuidado! Taxas de administração maiores que 3% comprometem os rendimentos

50 ANOS
1 - Faça um balanço de sua situação financeira
2 - O ideal é que o investidor já tenha conseguido acumular cerca de 70% da reserva financeira que pretende ter na aposentadoria
3 - É o momento de reavaliar as opções de investimento para ver se os retornos vêm compensando. As ações devem representar menos de 30% do portfólio
Alerta! Quem ainda não começou a poupar nesta etapa precisará de um esforço extra para economizar metade da renda

65 ANOS
1 - É o momento de pensar melhor no padrão de vida que se quer ter na aposentadoria. Equilibre metas financeiras com planos pessoais
2 - Defina quanto terá de receber por mês de suas aplicações para viver bem na velhice. Mantenha poucas ações no portfólio
3 - Quem conseguir acumular 1 milhão de reais pode contratar uma renda vitalícia de 7 700 reais(3) Perigo! Quem não formou uma reserva financeira só tem uma saída: vender bens para transformá-los em renda

(1) Cálculo da SulAmérica. Parte da poupança é destinada ao seguro de vida
(2) O cálculo pressupõe uma taxa de juro real de 6% ao ano
(3) Cálculo da Icatu Hartf ord para homens. As mulheres receberiam apenas 7 123 reais, porque sua expectativa de vida é maior

O fator fundamental de qualquer planejamento para a aposentadoria é o tempo. Como se trata de um projeto de longuíssimo prazo, quem começa antes leva vantagem, porque consegue formar uma reserva maior com menos sacrifício.

O conselho dos especialistas é poupar desde cedo, mas sem exageros. "Os jovens têm necessidades financeiras mais urgentes que a aposentadoria, como a compra de um carro ou da casa própria", diz Renato Russo, vice-presidente de previdência da seguradora SulAmérica. "O ideal é guardar uma quantia que não faça falta, menos de 5% da renda, para não cair na tentação de cortar essa poupança." Quem economiza apenas 150 reais por mês desde os 20 anos, por exemplo, chega aos 70 com uma reserva de 57 0000 reais, calculada em termos reais, isto é, já descontada a inflação. Para chegar ao mesmo montante a partir dos 40 anos, é preciso investir quase quatro vezes mais.

Cifras de seis ou sete dígitos impressionam, mas é difícil dizer qual é o valor ideal para garantir uma aposentadoria tranqüila. "Pode faltar dinheiro ou até mesmo sobrar", diz Laurence J. Kotlikoff, professor de finanças da Universidade de Boston e dono de uma empresa que faz estimativas de renda para aposentados. "Há pessoas que sofrem durante a aposentadoria por não ter acumulado recursos suficientes, e outras que sofrem antes, poupando cada centavo para o futuro, para depois ver que não precisariam de tudo aquilo para viver na velhice." Segundo Kotlikoff, isso ocorre porque é difícil estimar quanto um investidor vai precisar para viver bem daqui a 20 ou 30 anos.

Muitos analistas financeiros sugerem uma simplificação: a regra é considerar que um aposentado precisa de 70% do último salário para manter o mesmo padrão de vida. "As despesas com saúde aumentam, mas outros gastos, como a educação dos filhos e a prestação da casa própria, diminuem", diz Russo, da SulAmérica.

Quando o assunto é previdência, porém, até mesmo simplificar dá trabalho. Saber qual será seu último salário na ativa é fácil para quem está prestes a se aposentar, mas não passa de uma aposta para quem está no auge da vida profissional, ao redor dos 40 anos, por exemplo.

Por isso, ao contrário do que diz o senso comum, quem está planejando a aposentadoria deve se preocupar menos em prever o futuro e mais em poupar e fazer boas opções de investimento.

Nessa área, a primeira questão que se coloca é quanto risco o investidor está disposto a correr.

Em geral, previdência combina com bolsa de valores, porque ambos são projetos de longo prazo - e, em 10 ou 20 anos, as ações tendem a se valorizar mais que a renda fixa. A opção por mais ou menos risco, porém, depende da idade do poupador. "Quem tem até 30 anos pode colocar 80% dos recursos na bolsa, mas quem está perto de se aposentar deve manter quase tudo na renda fixa", diz Russo, da SulAmérica. O sucesso dessa estratégia depende também do perfil das empresas escolhidas. Os especialistas recomendam comprar ações de grandes companhias que pagam dividendos, porque elas são mais seguras e menos voláteis que as empresas de menor porte.

Outra decisão que o investidor precisa tomar é escolher entre planos de previdência e fundos de investimento. A principal vantagem é tributária. Nos planos, o imposto de renda só é cobrado no resgate - até lá, o dinheiro devido ao Fisco rende juros ao poupador. Nos fundos, o imposto é debitado do patrimônio da carteira a cada seis meses. Além disso, desde 2005 o investidor pode optar por um entre dois regimes de tributação -- e, se fizer uma boa escolha, vai pagar menos imposto que nos fundos. Um desses regimes de tributação é conhecido como decrescente. Nele, o que determina o imposto a ser pago é o prazo do investimento. Quem fizer uma aplicação hoje e decidir resgatar o dinheiro em menos de dois anos terá um desconto de 35%. A mordida diminui com o tempo até chegar ao mínimo de 10% depois de dez anos, a menor alíquota do sistema financeiro.

Cálculos feitos por especialistas mostram que esse sistema é indicado para quem investe por mais de oito anos e planeja receber mais de 4 000 reais por mês na aposentadoria. O outro regime é o progressivo. Nesse sistema, o que importa para a Receita é o valor mensal sacado. Resgates inferiores a 1 257 reais são isentos de imposto; a alíquota é de 15% para valores entre 1 257 e 2 512 reais e de 27,5% para saques superiores a 2 512 reais (veja quadro nesta página). É o regime ideal para o aposentado que poupar por menos de oito anos e sacar menos de 4 000 reais por mês de seu plano.

Aproveitar esse benefício fiscal dos planos requer ainda escolher entre um Plano Gerador de Benefícios Livres (PGBL) ou um Vida Gerador de Benefícios Livres (VGBL). O PGBL é mais interessante para quem faz a declaração completa de imposto de renda, porque esse plano permite abater até 12% da renda bruta no ajuste anual entregue ao Fisco. O problema é que, na hora do saque, o imposto é cobrado sobre todo o valor resgatado, não apenas sobre o rendimento. Já o VGBL é indicado para quem faz a declaração simplificada, porque o imposto incide só sobre o rendimento.

Pague menos imposto

Entenda as diferenças entre os dois regimes de tributação dos planos de previdência e escolha o melhor para o seu caso
Regime antigo (progressivo)
Dica: o que importa é o valor que será sacado por mês

Resgate mensal
Imposto (1)
Até 1 257 reais - Nenhum
De 1 257 a 2 512 reais - 15% menos189 reais
Acima de 2 512 reais - 27,5% menos503 reais

Regime novo (decrescente)
Dica: o que importa é o tempo de aplicação dos recursos
Prazo do investimento
Imposto (1)
Até 2 anos - 35%
De 2 a 4 anos - 30%
De 4 a 6 anos - 25%
De 6 a 8 anos - 20%
De 8 a 10 anos - 15%
Acima de 10 anos - 10%

(1) Cobrado sobre o valor do saqueFontes: Anapp e Receita Federal
A desvantagem dos planos de previdência privada são as taxas de administração cobradas pelos gestores.
Revista Exame 06/09/2006