Mostrando postagens com marcador psicologia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador psicologia. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

CIRURGIA BARIÁTRICA - ORIENTAÇÃO AO PACIENTE

O tratamento cirúrgico para a obesidade mórbida, não é inócuo, apresenta risco de vida (menor que 0,5%), dificuldades de adaptação as mudanças realizadas no aparelho digestivo. Cerca de 3% dos operados poderão apresentar problemas tardios como: deslocamento do anel (quando a técnica utilizada o coloca), diarréias crônicas, desnutrição; problemas estes que necessitam, por vezes, de nova cirurgia. Além disto, um pequeno grupo de operados pode apresentar perda de peso bem abaixo do esperado. Portanto o procedimento cirúrgico deve ser bem avaliado. A participação nas reuniões para candidatos a cirurgia é indispensável, assim como uma avaliação psicológica. Procure estar ciente de tudo antes de se operar, leve um familiar próximo às consultas e reuniões; para que este esteja também ciente das mudanças, dificuldades e riscos, que a sua cirurgia pode ocasionar. Uma vez operado, siga a risca todas as instruções da equipe médica com relação a dieta, retornos, exames etc. Não acredite na informação de terceiros, procure sempre a orientação da equipe médica. Freqüente as reuniões para os já operados, onde terá informações de como comer: alimentos necessários para que não fique desnutrido, ou com anemia etc.

Porque o Paciente obeso é encaminhado para avaliação psicológica, antes da cirurgia?

A Obesidade, longe de ser uma “fraqueza de caráter” é uma doença que afeta a pessoa nos seus aspectos físico, psíquico e social. É considerada uma condição clínica multi-determinada, na qual se associam diversas causas, no processo do seu desenvolvimento. Dentre estas causas, com muita freqüência, apresentam-se os fatores psicológicos ou emocionais.

Em se tratando de pacientes obesos mórbidos, podemos afirmar que a maioria dos que chegam à Cirurgia Bariátrica traz alterações emocionais. Essas dificuldades de natureza psicológica podem estar presentes entre os fatores determinantes da obesidade exógena (reativa), ou entre as conseqüências, na obesidade endógena ou de desenvolvimento em que a pessoa apresenta excesso de peso desde o começo da vida e tende a vivenciar e a confundir os mais variados desejos com necessidade de alimento. Seu emocional é abalado pelas dificuldades, limitações e sofrimento por ser obeso.

Sendo assim, como comprovam vários estudos realizados, a avaliação e o trabalho psicológico pré e pós-operatório são de fundamental importância. Muitos pacientes resistem ao atendimento psicológico na etapa pré-cirúrgica, alegando não ter necessidade, pois já estão decididos: querem submeter-se à cirurgia da obesidade. O atendimento psicológico não visa a convencer ninguém a fazer a gastroplastia e sim preparar essa pessoa, para que possa passar pelo processo cirúrgico e, conseqüentemente, de emagrecimento, de forma saudável e tranqüila. Outra grande preocupação do paciente em relação à avaliação psicológica é o temor de ser “barrado” ou impedido pelo psicólogo da realização de seu grande desejo: submeter-se à cirurgia. Na verdade, não é esse o papel que nos cabe. Nosso objetivo é preparar adequadamente o paciente, pelo tempo que ele necessitar se preciso for. Em caso de distúrbios psiquiátricos, solicitamos acompanhamento do psiquiatra para complementar o trabalho.

Assim, o contato com o psicólogo se faz importante para a orientação, informação e apoio desse paciente na sua preparação para a cirurgia. O período imediatamente após a cirurgia é relatado pelos operados como sendo um dos mais difíceis. É a fase de recuperação do ato cirúrgico, de maior desconforto e de adaptação à dieta líquida. Junta-se a tudo isso a expectativa, a ansiedade e a insegurança: “Será que deu mesmo tudo certo?”.

Vencido o 1º período (da ingestão apenas de líquidos), a adaptação ao alimento sólido é a outra etapa.

Neste período pós-cirúrgico, o acompanhamento psicológico é voltado geralmente para a adaptação aos novos hábitos. É, sem dúvida, esse tipo de questionamento que nos traz o paciente em suas consultas. Após o 3º ou 4º mês de cirurgia, o paciente entra em nova fase: a da “lua de mel” com a cirurgia. O emagrecimento começa a ser notado por todos, os elogios tornam-se constantes, as roupas estão cada vez mais largas, há aumento da disposição e do bem estar e o paciente passa a ter maiores cuidados com sua aparência, investindo mais em si mesmo. Após 6 ou 8 meses, a perda de peso está em torno de 30 %. Tudo é novidade! Neste momento, o paciente operado não sente a menor necessidade de uma psicoterapia. É nesse período que muitos desaparecem dos consultórios dos psicólogos (e muitas vezes dos retornos médicos!). Sentem-se tão bem, como nunca estiveram na vida: auto-suficientes, mais seguros e com a auto-estima elevada, bonitos e muitas vezes eufóricos. Contudo nesse momento a psicoterapia volta-se para a nova imagem corporal e para as repercussões que ocorrerão a partir daí na personalidade do indivíduo.

O corpo que o paciente obeso “não via”, não entrava em contato, passa a ser alvo de observações e elogios. Algumas dificuldades emocionais que estavam encobertas pela “capa de gordura” tendem a surgir. Conflitos básicos emergem e, se não forem tratados, podem fazer com que o paciente lance mão de “boicotes” ao emagrecimento como forma de evitar sofrimento. Passa, por exemplo, a ingerir grandes quantidades (divididas em pequenas porções) de alimentos pastosos com alto teor calórico, dificultando sua perda de peso ou mesmo recuperando alguns quilos. Nesta fase, grandes mudanças estão ocorrendo e uma multiplicidade de opções se abre à frente da pessoa emagrecida e isso requer nova aprendizagem social. Assumir responsabilidades das quais era poupado por falta de condições físicas e pelas limitações que a obesidade impunha, agora colocam a pessoa diante de situações nunca vividas ou vividas há muito tempo. A obesidade, de uma certa forma, protegia. Em torno de um ano após a cirurgia, o peso do paciente operado se estabiliza. Tudo aquilo que era novidade passou a fazer parte da rotina de vida. Algumas vezes a depressão se instala. O objetivo foi alcançado: “Deixei de ser obesa, mas apesar de magra, continuo sozinha, tenho problemas no trabalho, nos relacionamentos…”.

Estudos realizados mostram que deixar de ser obeso implicará em mudanças na maneira de agir e na vida como um todo. E, ao reorganizar-se e estruturar-se novamente, freqüentemente a pessoa emagrecida necessita de ajuda.

O trabalho psicológico pode auxiliar o paciente a conhecer e a compreender melhor a si mesmo, a aderir de forma mais eficiente ao tratamento, envolvendo-o e tornando-o responsável pela vivência de criação de uma nova identidade e estimulando a sua participação efetiva no processo de emagrecimento. A cirurgia é apenas o começo.

Psicólogos do Instituto: Aída Regina Marcondes Franques e Pedro Belarmino Garrido
www.institutogarrido.com.br

sexta-feira, 1 de maio de 2009

SER IGNORADO

TESE DE MESTRADO NA USP por um PSICÓLOGO
'Fingi ser gari por 8 anos e vivi como um ser invisível'

Psicólogo varreu as ruas da USP para concluir sua tese de mestrado da 'invisibilidade pública'. Ele comprovou que, em geral, as pessoas enxergam apenas a função social do outro. Quem não está bem posicionado sob esse critério, vira mera sombra social.

Plínio Delphino, Diário de São Paulo.

O psicólogo social Fernando Braga da Costa vestiu uniforme e trabalhou oito anos como gari, varrendo ruas da Universidade de São Paulo. Ali, constatou que, ao olhar da maioria, os trabalhadores braçais são 'seres invisíveis, sem nome'. Em sua tese de mestrado, pela USP,
conseguiucomprovar a existência da 'invisibilidade pública', ou seja, uma percepção humana totalmente prejudicada e condicionada à divisão social do trabalho, onde enxerga-se somente a função e não a pessoa.


Braga trabalhava apenas meio período como gari, não recebia o salário de R$ 400 como os colegas de vassoura, mas garante que teve a maior lição de sua vida:

'Descobri que um simples bom dia, que nunca recebi como gari, pode significar um sopro de vida, um sinal da própria existência', explica o pesquisador.

O psicólogo sentiu na pele o que é ser tratado como um objeto e não como um ser humano. 'Professores que me abraçavam nos corredores da USP passavam por mim, não me reconheciam por causa do uniforme. Às vezes, esbarravam no meu ombro e, sem ao menos pedir desculpas,
seguiam me ignorando, como se tivessem encostado em um poste, ou em um orelhão', diz.

No primeiro dia de trabalho paramos pro café. Eles colocaram uma garrafa térmica sobre uma plataforma de concreto. Só que não tinha caneca. Havia um clima estranho no ar, eu era um sujeito vindo de outra classe, varrendo rua com eles. Os garis mal conversavam comigo,
alguns se aproximavam para ensinar o serviço. Um deles foi até o latão de lixo pegou duas latinhas de refrigerante cortou as latinhas pela metade e serviu o café ali, na latinha suja e grudenta. E como a gente estava num grupo grande, esperei que eles se servissem primeiro. Eu
nunca apreciei o sabor do café. Mas, intuitivamente, senti que deveria tomá-lo, e claro, não livre de sensações ruins. Afinal, o cara tirou as latinhas de refrigerante de dentro de uma lixeira, que tem sujeira, tem formiga, tem barata, tem de tudo.


No momento em que empunhei a caneca improvisada, parece que todo mundo parou para assistir à cena, como se perguntasse: 'E aí, o jovem rico vai se sujeitar a beber nessa caneca?' E eu bebi.
Imediatamente a ansiedade parece que evaporou. Eles passaram a conversar comigo, a contar piada, brincar.

O que você sentiu na pele, trabalhando como gari?
Uma vez, um dos garis me convidou pra almoçar no bandejão central. Aí eu entrei no Instituto de Psicologia para pegar dinheiro, passei peloandar térreo, subi escada, passei pelo segundo andar, passei na biblioteca, desci a escada, passei em frente ao centro acadêmico, passei em frente a lanchonete, tinha muita gente conhecida. Eu fiz todo esse trajeto e ninguém em absoluto me viu. Eu tive uma sensação muito ruim. O meu corpo tremia como se eu não o dominasse, uma
angustia, e a tampa da cabeça era como se ardesse, como se eu tivesse sido sugado. Fui almoçar, não senti o gosto da comida e voltei para o trabalho atordoado.

E depois de oito anos trabalhando como gari? Isso mudou?
Fui me habituando a isso, assim como eles vão se habituando também a situações pouco saudáveis. Então, quando eu via um professor se aproximando - professor meu - até parava de varrer, porque ele ia passar por mim, podia trocar uma idéia, mas o pessoal passava como se
tivesse passando por um poste, uma árvore, um orelhão.

E quando você volta para casa, para seu mundo real?
Eu choro. É muito triste, porque, a partir do instante em que você está inserido nessa condição psicossocial, não se esquece jamais.


Acredito que essa experiência me deixou curado da minha doença burguesa. Esses homens hoje são meus amigos. Conheço a família deles, freqüento a casa deles nas periferias. Mudei. Nunca deixo de cumprimentar um trabalhador.

Faço questão de o trabalhador saber que eu sei que ele existe. Eles são tratados pior do que um animal doméstico, que sempre é chamado pelo nome. São tratados como se fossem uma 'COISA'.

'O HOMEM TORNA-SE TUDO OU NADA, CONFORME A EDUCAÇÃO QUE RECEBE'

Respeito: passe adiante!

domingo, 14 de dezembro de 2008

Psicodiagnóstico

Vanessa Muller

De acordo com Ancona-Lopez (1995), o psicodiagnóstico é realizado com tempo limitado, buscando descrever e compreender a personalidade total do paciente, abrangendo, assim, aspectos atemporais. Desta forma, podemos dizer que, um de seus objetivos é direcionar o trabalho terapêutico.
Segundo Cunha (1993), psicodiagnóstico é um processo científico, limitado no tempo, no qual realiza-se uma avaliação psicológica, por meio de testagem. A realização dos testes possui propósitos clínicos e são definidos durante a realização do diagnóstico. O autor define que o objetivo do psicodiagnóstico abrange a compreensão de problemas com base em pressupostos teóricos, identificação e avaliação de aspectos específicos ou classificação do caso e possível previsão de seu curso, comunicando, ao final do trabalho, os resultados obtidos.
A utilização da bateria de testes propicia o levantamento de dados que devem ser interligados com o histórico do paciente. A obtenção do histórico é realizada com base no plano de avaliação, pré-estabelecido através de perguntas ou hipóteses iniciais, que auxiliam na definição dos instrumentos e momento adequado para sua aplicação. Segundo Cunha (1993),

Caracterizamos o psicodiagnóstico como um processo científico, porque deve partir de um levantamento prévio de hipóteses que serão confirmadas ou informadas através de passos pré-determinados e com objetivos precisos.
...

O plano de avaliação é estabelecido com base nas perguntas ou hipóteses iniciais, definindo-se não só quais os instrumentos necessários, mas como e quando utiliza-los. (p.05).





Referência Bibliográfica:


ANCONA-LOPEZ, S. O mundo do adolescente. In: ANCONA- LOPEZ, M. Psicodiagnóstico: processo de intervenção. São Paulo.
Cortez. 1995. Cap. 02. p. 26 - 36.

CUNHA, J. e Col. Fundamentos do psicodiagnóstico. N.: Psicodiagnóstico-R. 4.ed. Porto Alegre. Artes Médicas. 1993. Cap. 01. p. 3 - 10.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Curso de PMK

PMK - Básico

01)Histórico do Teste.
02)Aplicabilidade e vantagens do uso do PMK
03)Apresentação do material
• a mesa e a cadeira para aplicação
• a posição do aplicador
• a importância de se usar a folha padronizada
04)O Contato com o Sujeito
• preparação para a prova
• a posição na cadeira
• o modo de segurar o lápis.
05)Fundamentação teórica.
06)Técnica de aplicação
• Instruções para o Sujeito
• O que o aplicador deve e como marcar
• Como usar os anteparos
• Quando deve ser repetido um traçado
07)Mensuração dos traçados
• a importância da mensuração
• mensuração dos lineogramas
• mensuração dos zigue-zagues
• mensuração das escadas e círculos
• mensuração das cadeias
• mensuração das paralelas
• mensuração dos Us
• quando devem ser usadas as máscaras
08)A Tetronagem
• a escolha das tabelas
• o que é tetron
• como fazer um perfil dos resultados
• a interpretação quantitativa
09)Vocabulário específico do teste
10)Interpretação dos perfis
11)Aplicabilidade e vantagens do uso do PMK
12)Conceito de normalidade no PMK
13)Introdução de alguns conceitos qualitativos e quantitativos do teste
14)Apreciações qualitativas gerais considerando os dados de cada configuração:
•Pressão
•Tremor
•Configurações específicas
•Modo de prosseguimento
•Direção dos eixos
•Nível ideomotor
•Ansiedade e angústia
•Situações conflitivas
15)Psicopatologia no PMK
•Esquizotimia
•Esquizoidia
•Esquizofrenia
•Ciclotimia
•Cicloidia
•Psicose maníaco depressiva
16)Disritmia no PMK
•Características dos traçados no PMK
•Comportamento do portador de disritmia
•A correlação entre o PMK e o EEG
•Profissões não condizentes com o disrítmico
•O efeito dos remédios sobre o teste
17)O alcoolismo e outros tipos de drogas no PMK
•O tipo de traçado no teste
•A "suspeita" do uso e drogas pela aparência
•A conduta ética do Psicólogo nestes casos.
18)A conduta ética do Psicólogo com os "clientes"
•Solicitação de avaliação médica
•Devolutiva
19)Algumas pesquisas realizadas com o teste
20)Elaboração de laudos levando em consideração dados quantitativos e qualitativos

Treino através de alguns casos (mínimo 10).


Carga Horária: 60 Horas/aula (teoria e prática)
Investimento: 500,00
Pagamento : a combinar

*Aulas individuais ou pequenos grupos.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Co-dependência

Ainda há muita desinformação sobre o que é co-dependência e as dificuldades que essa síndrome emocional causa na vida dessas pessoas que estão sempre em busca, muitas vezes de forma perversa e autodestrutiva, de preencher o terrível vazio emocional das suas vidas.
É muito comum ligar a co-dependência as famílias que tem dependentes de álcool ou drogas, o que dificulta muitas vezes o diagnóstico e o tratamento, já que a co-dependência não se limita somente aos familiares de dependentes químicos.
Com uma baixa auto-estima, os co-dependentes vivem em função dos outros a quem querem controlar, mandar e fazem um “jogo” onde o poder de dominar é a essência. Esse domínio, a luta para tê-lo ou não é vital para o co-dependente. Tudo isso para buscar reconhecimento, para compensar uma falta de amor próprio.
Emocionalmente dependentes dos outros, não conhecem a sua realidade, não conseguem estabelecer os seus limites e perdem totalmente a sua identidade, já que passam a viver a vida do outro a quem querem controlar, desde a maneira como tem que conduzir a sua vida, os seus pensamentos e até os seus comportamentos. Essa marcação “cerrada” sobre o outro sempre causa desentendimento e mal-estar. O co-dependente acredita que é responsável pela felicidade e necessidade dos outros.
Vive uma vida de ilusão, de sofrimento, de ansiedade e de angústia. Nada está bom para ele e por mais que conquiste, sempre tem a sensação de um vazio, que está faltando alguma coisa na sua vida. Essa falta é uma das suas características em uma vida pontuada de extremos. Uma hora é o grande salvador, disposto a resolver os problemas dos outros, a ajudar e como carece de limites, constantemente está invadindo o outro com as suas orientações e conselhos que na verdade passam a ser imposições. No outro extremo é a grande vítima quando as coisas não saem como queria.
Desconhece os seus sentimentos, se sacrifica pelo outro, sempre dizendo não para si mesmo, tenta controlar a vida do outro, na qual não tem poder para isso e deixa de controlar a sua própria vida. Se sentem mal quando percebem a impotência de controlar ou mudar uma pessoa, um sentimento de fracasso toma conta de si. Tem muito medo de ficar sozinho, da rejeição, do abandono e lança mão de tudo, de uma maneira distorcida e inadequada para que isso não venha acontecer.
Quer que as coisas se resolvam e sejam da sua maneira e não percebe que muitas vezes os seus desejos e até os seus sonhos não são seus, mas da outra pessoa a quem está tentando controlar. A realidade é tão distorcida que dentro da sua ilusão acredita que a sua felicidade depende dos outros. Passa a ser um escravo, emocionalmente falando, das outras pessoas.
Tem dificuldade para se relacionar consigo mesmo, com os outros e até com Deus, a quem dá uma conotação humana devido aos abusos emocionais sofridos.
Doença gerada na família de origem que era disfuncional, o co-dependente carrega consigo sentimentos de culpa, medo, insegurança, raiva, frustração, vergonha e desenvolve comportamentos compulsivos em relação ao sexo, a alimentação, ao trabalho, ao dinheiro (fazendo gastos excessivos), ao álcool ou outras drogas em uma tentativa de controlar os seus sentimentos interiores. Tudo em vão.
O co-dependente não pode ver uma pessoa com problemas que lá está ele pronto para resolvê-los, no fundo, não para buscar uma solução para o outro, mas para si mesmo como uma recompensa. Desdobra-se nessa ajuda (tudo pelo reconhecimento), mas com certeza irá cobrar depois, e que cobrança, como se o outro tivesse a obrigação de retribuir, mas do seu modo e da sua maneira.
Quando há envolvimento com um dependente químico, as coisas se complicam.Se compararmos a co-dependência com a dependência química vamos perceber a semelhança entre elas. As duas são doenças de negação. Sintomas como a raiva, angústia, depressão e desespero, são os mesmos. O dependente químico luta para tentar controlar a droga e o co-dependente para controlar o dependente químico e em ambos o resultado é o fracasso, portanto a progressividade tanto da co-dependência como da dependência química caminham lado a lado. A negação é o grande obstáculo para um tratamento em qualquer uma das duas. É difícil para um co-dependente reconhecer que precisa mudar o seu modo de vida. Do mesmo modo, um dependente químico é resistente a mudanças. Tanto o co-dependente como o dependente químico só irá administrar com mais qualidade as suas vidas, quando admitirem o sofrimento que a doença provoca. Antes disso, não vão perceber o grau de destruição das suas vidas.
O que precisa ser ressaltado é que a co-dependência pode sim ser o início para que a pessoa desenvolva a dependência por drogas. Devido às compulsões que dominam o co-dependente que as usam para aliviar as suas dores emocionais, o risco do uso do álcool ou de outras drogas é muito grande.
Por isso é necessário que o adicto não só trate da sua adicção, mas também da sua co-dependência.
Além disso, problemas clínicos podem ser sintomas da co-dependência que se não for tratada de modo adequado vai passando de geração para geração.É fundamental que além do dependente químico estar em tratamento, os seus familiares também se tratem da sua co-dependência.
Como já foi exposto, os relacionamentos são extremamente afetados sob o impacto da co-dependência. Mas é necessário ainda acrescentar que mensagens enraizadas lá na infância podem muitas vezes interferirem no relacionamento de um casal e destruir casamentos. A “imperiosa” necessidade de fazer o outro feliz acaba sufocando a relação onde à identidade de um ou do outro não é respeitada.
Muitas vezes no seu círculo social, o co-dependente tem uma relação conflituosa. É comum ouvirmos as queixas de que “não estão respeitando os meus sentimentos” ou “estão me explorando” porque na verdade o co-dependente se liga ao outro de uma forma errada, distorcida, tentando impor o seu comando, desrespeitando limites, manipulando e como se isso fosse possível, ditar as regras e normas que a outra pessoa deve seguir na vida.
Muitas vezes falam e fazem o que não querem só para agradar os outros, se anulando com isso.
Outro ponto que precisa ser trabalhado é o preconceito que acompanha a co-dependência. A pessoa deixa de ir a uma terapia, a um grupo, a cuidar de si porque “a ligam” com dependência química (drogas).Uma pergunta muito comum que se ouve no início do tratamento é se tem cura.
Falar em “cura” em co-dependência como se tomasse uma pílula e a vida mudasse sem nenhuma interferência da própria pessoa, não existe. “Curar” em co-dependência significa reconhecer, admitir e aceitar a doença e a partir daí iniciar as mudanças no modo de viver, dar qualidade à vida, vivenciar a realidade e não insistir em uma existência baseada na ilusão, passar a controlar o que se pode controlar que é a própria vida, viver uma relação funcional, buscar o equilíbrio físico, emocional e espiritual, a auto-estima, o amor próprio e com isso melhorar o relacionamento com os outros e consigo mesmo.

Em co-dependência, “curar” significa viver a vida, descobrir o seu sentido e amá-la.

Fantástico - Texto de Martha Medeiros

Depois de um bom tempo dizendo que eu era a mulher da vida dele, um belo dia eu recebo um e-mail dizendo: "olha, não dá mais".
Tá certo que a gente tava quase se matando e que o namoro já tinhaacabado mesmo, mas não se termina nenhuma história de amor (e eu ainda oamava muito) com um e-mail, não é mesmo?
Liguei pra tentar conversar e terminar tudo decentemente e ele respondeu:"mas agora eu to comendo um lanche com amigos".
Enfim, fiquei pra morrer algumas semanas até que decidi que precisava seruma mulher melhor para ele. Quem sabe eu ficando mais bonita, mais equilibrada ou mais inteligente, ele não volta pra mim?
Foi assim que me matriculei simultaneamente numa academia de ginástica, num centro budista e em um curso de cinema.
Nos meses que se seguiram eu metornei dos seres mais malhados, calmos, espiritualizados e cinéfilos doplaneta. E sabe o que aconteceu?
Nada, absolutamente nada, ele continuou não lembrando que eu existia.
Aí achei que isso não podia ficar assim, de jeito nenhum, eu precisava ser ainda melhor pra ele, sim, ele tinha que voltar pra mim de qualquer jeito.
Decidi ser uma mulher mais feliz, afinal, quando você é feliz com você mesma, você não põe toda a sua felicidade no outro e tudo fica mais leve.
Pra isso, larguei de vez a propaganda, que eu não suportava mais, e resolvi me empenhar na carreira de escritora, participei de vários livros, terminei meu próprio livro, ganhei novas colunas em revistas, quintupliqueio número de leitores do meu site e nada aconteceu.
Mas eu sou taurina com ascendente em áries, lua em gêmeos filha única! Eu não desisto fácil assim de um amor, e então resolvi tinha que ser uma superultra mulher para ele, só assim ele voltaria pra mim.
Foi então que passei 35 dias na Europa, exclusivamente em minha companhia, conhecendo lugares geniais, controlando meu pânico em estar sozinha e longe de casa, me tornando mais culta e vivida.
Voltei de viagem e tchân, tchân, tchân, tchân: nem sinal de vida.
Comecei um documentário com um grande amigo, aprendi a fazer strip, cortei meu cabelo 145 vezes, aumentei a terapia, li mais uns 30 livros,ajudei os pobres, rezei pra Santo Antonio umas 1.000 vezes, torrei no sol, fiz milhares de cursos de roteiro, astrologia e história, aprendi a nadar, me apaixonei por praia, comprei todas as roupas mais lindas de Paris.
Como última cartada para ser a melhor mulher do planeta, eu resolvi ir morar sozinha.
Aluguei um apartamento charmoso, decorei tudo brilhantemente, chameiamigos para a inauguração, servi bom vinho e comidinhas feitas, claro, pormim, que também finalmente aprendi a cozinhar.
Resultado disso tudo: silêncio absoluto.
O tempo passou, eu continuei acordando e indo dormir todos os diasquerendo ser mais feliz para ele, mais bonita para ele, mais mulher para ele.
Até que algo sensacional aconteceu.
Um belo dia eu acordei tão bonita, tão feliz, tão realizada, tão mulher, que eu acabei me tornando mulher demais para ele.
Ele quem mesmo?

Martha Medeiros