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terça-feira, 20 de maio de 2008

Porque as pessoas são demitidas do emprego ?

Como profissional de Recursos Humanos e atuando há alguns anos com seleção de pessoal, venho ao longo desse tempo dedicando-me a observar porque certas pessoas permanecem mais tempo em determinadas organizações do que outras.

Parte-se do princípio de que no momento do recrutamento de pessoal, o profissional de RH procura triar aqueles que atendam ao perfil técnico da vaga.

É através da seleção, de testes e da própria dinâmica de grupo que o selecionador identifica fatores críticos de sucesso e de insucesso dos candidatos.

Terminada essa fase, geralmente os gestores entrevistam os candidatos finalistas, procurando selecionar aquele que mais se identifica aos ideais da empresa, visto que o conhecimento técnico, a princípio, todos atendem.

Todo início de trabalho requer do profissional adaptação à cultura, ao ambiente e àquela comunidade onde ele está sendo inserido.

Normalmente ele traz experiências anteriores, as quais podem facilitar ou dificultar sua adaptação ao novo local de trabalho. É a partir daí que se inicia a história de vida do profissional.

É a partir daí que o comportamento e as atitudes dificultam ou facilitam a permanência do indivíduo naquela organização.

A primeira verificação a que cheguei é que as pessoas, de um modo geral, têm dificuldade em aceitar as mudanças que lhe são impostas, seja pelo meio ambiente em que estão inseridas, seja pela forma como os outros indivíduos se relacionam com elas, seja pela forma de atuação dos seus líderes, seja pelos processos alí praticados ou mesmo pelo fato de não conseguirem se posicionar ou de conquistar seus espaços.

Geralmente esses profissionais não têm humildade para investir na conquista. Chegam com arrogância, achando que seu tempo é curto (período de experiência) e que terão que conquistar seus espaços a qualquer preço. Essa falta de habilidade de adaptação, de entendimento e de visão geral acaba por implicar sérios problemas de atitudes e de comportamentos, e isso acontece porque quando não entendemos o processo de transformação, não conseguimos entender os porquês dos resultados.

E é exatamente neste ponto que pauto minha defesa de que são as atitudes e o comportamento do dia-a-dia que fazem a diferença entre um profissional e o outro.

Dia desses fui procurada por um cliente alegando que estava enfrentando uma série de dificuldades para encontrar a assistente que lhe atendesse de forma adequada. Curiosa perguntei a ele qual era o perfil da profissional adequada na sua visão: - Disse-me ele que todas as assistentes que já teve, atendiam-no muito bem tecnicamente, porém nenhuma delas apresentava comportamento adequado. Pedi a ele que me descrevesse o perfil, uma vez que estava ali para ajudá-lo.

Na verdade, procurava uma pessoa com atitude, aquela que adequasse sua postura interna de forma a avaliar qual a melhor maneira de se colocar diante das situações novas e de novos clientes e colegas. Que a profissional tivesse capacidade de relacionar-se com outras pessoas. Continuou dizendo que percebeu que o desequilíbrio emocional tem sido um fator crítico de sucesso, comprometendo as atitudes no trabalho e, por conseguinte a empregabilidade do profissional. Disse-me ainda que ao seu modo de ver os profissionais que demonstram ter bom humor, mesmo em momentos difíceis, tendem a ser mais bem-sucedidos e este é outro fator que ele procura identificar na assistente que vai contratar. A responsabilidade é fator de destaque, disse-me ele, pois ser responsável significa "responder pelos próprios atos", e "corresponder" às expectativas das outras pessoas, sejam colegas, chefes, fornecedores ou clientes. Disse-me ainda que buscava uma pessoa com alto grau de assertividade, a qual se baseia na autoconfiança, relatando-me que sua última assistente era insegura e por isso se tornava agressiva. Pedi a ele que tentasse me descrever com mais detalhes o que ele entendia por assertividade. E ele continuou: - a assertividade se mostra por atitudes como a coragem de expressar sua opinião, mesmo quando todos pensam o contrário, falar calma e pausadamente, buscar soluções para problemas existentes e não fazer de conta que não existem, não querer ter sempre a razão, dar sugestões - não ordens, enfim, ter expediente com serenidade.

Quanto mais ouvia o relato de meu cliente, mais certeza eu tinha de que a metodologia a ser aplicada para a busca do profissional que ele procurava, era o método de seleção por competência, a qual tem o foco no comportamento das pessoas, frente às situações que lhe são expostas.

E, com base no relato, seguem algumas sugestões para que o profissional, independente da idade, reflita sobre sua atuação, sobre as atitudes que deve tomar no dia-a-dia, sobre a diferença que isso pode fazer perante aos demais profissionais.

Aristóteles foi um dos primeiros pensadores a observar a importância da responsabilidade. "Somos aquilo que nos tornamos através de nossas ações repetidas". Com base nesse princípio, temos, portanto, a responsabilidade de definir o que desejamos ser, e como desejamos ser vistos pela sociedade.

A percepção das conseqüências de nossos atos é o primeiro sinal do comportamento responsável. Temos desde a exclusão de certos grupos, oportunidades não dadas, até comportamentos provocativos vindos de outras pessoas.

Todos nós temos pontos cegos em nossa personalidade. São aquelas características que todos enxergam, menos nós.

Portanto, é bom ficar atento à sua forma de se expressar quando está se comunicando. Será que sua linguagem corporal, seu tom de voz e as palavras que o profissional usa não indicam que ele está sempre pronto para um confronto?

Isto não significa dizer que as pessoas devam se pautar no conformismo ou no comodismo, para simplesmente se adaptarem; ao contrário, ninguém espera que se concorde com tudo e que se goste de todos ao redor.

No entanto, isso não deve impedir o empregado de estabelecer e manter bons relacionamentos. Talvez o segredo esteja em admitir que somos a causa de todos os processos da vida pelos quais passamos e devemos aprender com eles. Analisar o que fizemos de errado e de certo e o que deixamos de fazer é necessário para pensar sobre o que deixamos que os outros fizessem conosco.

É a partir dessa reflexão que adquirimos novas atitudes e comportamentos que garantam o domínio de nossas mudanças pessoais.

Foi com base na própria experiência do dia-a-dia, que identifiquei que a maioria das pessoas é demitida das organizações por não ter atitudes (intenção) e comportamentos (ação) adequados. Para fundamentar o que afirmo, apresento a pesquisa feita pela ASTA Assessoria/Saad-Fellipelli, para descobrir os fatores que mais influenciam na hora da demissão.

O resultado apresentando foi o seguinte: 32% do grupo pesquisado foi demitido em decorrência do comportamento; 26% por motivos de liderança (que não deixa de contar com uma parcela de comportamento); 25% por fatores técnicos (também faltou atitude de buscar aprimoramento) e 18% pela falta de atualização técnica (desinteresse pela manutenção do conhecimento - comportamento inadequado frente à competitividade).

Em resumo, seja qual for o motivo da demissão, todos estão interligados ao comportamento e à atitude dos profissionais.

É bom refletir sobre estes conceitos e descobrir em que é possível fazer a diferença dentre outros profissionais.

Uma boa dica para refletir sobre este tema é assistir ao filme: O Diabo Veste Prada. Vá em frente e boa sorte!

Maria Bernadete Pupo